sexta-feira, 3 de junho de 2011

Filosofia também diverte!

A leitura de Foucault é pra mim sempre uma leitura perturbadora. Sua crítica desmonta preconceitos, estraçalha paradigmas e expõe as fragilidades e os interditos do mais solene conhecimento. Essa passagem da Microfísica do Poder é, sem dúvida, uma das mais arrasadoras:

“O importante, creio, é que a verdade não existe fora do poder ou sem poder (não é não obstante um mito, de que seria necessário esclarecer a história e as funções a recompensa dos espíritos livres, o filho das longas solidões, o privilégio daqueles que souberam se libertar). A verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e nele produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua "política geral" de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias que permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sanciona uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção da verdade; o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o que funciona como verdadeiro.”

Nossa! Soco no estômago de Platão e de uma tradição inteira que costumamos rotular de “Modernidade”. A verdade, este ente adorado e idolatrado, presente divino a uns poucos extraordinários que de tempos em tempos recebem revelações, nada mais é que uma espécie de erro ainda não contestado e cristalizado pelo longo cozimento da história.

- Aiaiai! E agora Foucault? O que é que eu faço se tudo é inventado? Eu só sigo a verdade, mas cadê ela? Me recuso! Você é um pós-moderno falso tentando destruir a vida das pessoas com a sua filosofia caótica que só traz confusão. Como assim regimes de verdade? Enunciados que funcionam como verdadeiros? E as verdades que venho acreditando durante toda a vida, quer dizer que só são verdades por causa das instituições que as criaram e as defendem e conservam?

- Sei não, li na Bíblia que conhecendo a verdade ela me libertaria. Mas, se eu acredito piamente numa verdade ela acaba me subjugando. Então essa verdade não pode ser verdadeira. Oxe!, quer dizer então que pra Bíblia verdade é aquilo que liberta?!. Mas o que liberta nunca está do lado do poder, e se é o poder que determina o que é a verdade... Então a verdade está mais próxima de uma não-verdade do que de uma verdade? Kkkkkkkkkkkkk!!!

Esqueci de dizer que também me divirto lendo Foucault...

13 comentários:

  1. Muito bom Mê!
    Adorei o texto
    Passar aqui é sempre bom!
    "Então a verdade está mais próxima de uma não-verdade do que de uma verdade?!"
    Inquietante...!!!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Ei Kabeludo, vc me deixou na crise... rsrsrs

    Minha cabeça formulou uma equação inquietante:

    Verdade + Poder – Liberdade = Não-Verdade... rsrsrs

    To lascado, não vou conseguir dormir com essa... rsrsrs

    Obrigado pela minha futura-próxima-insônia! rsrsrs

    Xêro!!!

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  4. Léo e Gal, valeu pela visita. Fico mto feliz com a parceria e o incentivo de vcs. Xêro!

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  5. ??????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????
    Excelente reflexão!!!
    Bjo

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  6. Massa meu peixe . É isso ai, tbm me divertir muito por não ter entendido nada. rsrsrsrsrs.

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  7. Poxa Jefinho, né comigo não, quem tem q explicar são vcs... rsrsrs Se vira aí irmão... kkkk

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  8. Carambaaaaa!!! Mê... faz isso não... tem muito servo de instituições religiosas lendo vc... tadinhoss... e agora??? eles vão proclamar o que???
    Perfeito Mê!!! PerfeitoooOOO!!!!

    P.S.: Eu só queria que vc me ajudasse a entender uma coisa agora... Como ser livre??? Ainda há possibilidade de liberdade???

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  9. Poxa Mê, é tão bom o mundinho perfeito, tudo nasceu assim véiii, sempre foi assim, essa é a verdade!!! Agora vem vc seu louco,herege, bagunçar o juízo das pessoas lúcidas e sóbrias!!!Pessoas estas que sabem que a verdade não foi inventada nem criada por ninguém ela foi revelada para pessoas sãs!! Coisa que você não é!!

    AAAAAAA te pegueiiiii!!!!
    Catedráticooo Bôra discutir Foucault!!! kkkkkk
    Adoro esse francês sabido, e esse Brasileiro, autor desse Blog...Ahhh...sou derramada de admiração!!!!
    Maravilhosas inquietaçõess Mêzinhoo!!!
    Parabéns!!!

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  10. Acredito que a religião é superior a um "amontoado" de "verdades" empoeiradas. Ela remete sempre a um futuro carregado de esperanças. Mesmo institucionalizada, a religião aliena, mas também "liberta"! Como diria Rubem Alves: "...é mais belo o risco ao lado da esperança que a certeza ao lado de um universo frio e sem sentido."

    Prefiro ficar com a definição de liberdade do pequeno principezinho: " a única liberdade que conheço é a liberdade do pensamento". E eu acrescentaria que mesmo essa é condicionada, mas acredito que os aprisionamentos começam na "cabeça" e alimentam as estruturas, que por sua vez...

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  11. Só quero dizer que fiz a PATENTE da "marca" MÊZINHO há anos atrás!!! kkkk...

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  12. Netinha, Binha e Kelly, essas mulheres são maravilhosas... Eh Netinha tem horas q parece mesmo q não há como e não é possível ser livre, mas e daí??? quero nem saber! Não consigo extinguir meu anseio de liberdade!!! Vou morrer tentando... rsrsrs
    Bora discutir Foucault Binha... rsrsrs Quem diria que eu poderia encontrar numa enfermeira (rsrs) essa excepcional companheira de reflexão e diálogo?!!! kkkk
    Olhe dona da marca Mêzinho, esperança, fé e amor são coisas maravilhosas... meu coração continua, sem dúvida nenhuma, procurando o infinito, pois no infinito procuramos nossa realização e nele queremos descansar... Mas Deus - o nome que damos ao infinito - é vento, é pássaro que não se pode engaiolar e sobre ele nada podemos dizer além de expressar o estremecimento do corpo quando somos tomados incondicionalmente por ele...
    Mas isso tudo né meu não, é de Paul Tillich e Rubem Alves... kkkkkk

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  13. Meu querido amigo...

    Quase vc tinha sido meu 'aluno' de EBD e confesso, me sinto velha quando vejo vocês já grandes, donos de si, construtores de seus próprios mundos e vidas.

    Disso eu tenho muito orgulho.

    É uma honra saber que vc leu alguns de meus textos. Sinto que falamos a mesma língua, embora vc tem tido acesso a gente muito boa (muito boa mesmo) como os autores da teologia, da filosofia. Tou com inveja. kkk.

    Também senti vontade do seu abraço. É bom encontrar alguém de 'nosso idioma' pela vida.

    Te amo.

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